Por Gabriel Rodoval;
A bola
vagarosamente foi saindo pela lateral. O público sabia que agora haveria um
grande duelo. Tálysson pediu para que um companheiro de time cobrasse o
lateral. Com um piscadela ele combinou uma rápida jogada ensaiada com Igor,
outro companheiro de time. A cobrança do lateral foi executada e Igor correu
para a bola com a intenção de chutá-la.
O time de Abel inteiro correu na direção de Igor para tentar bloquear o
chute mas, para surpresa de todos, Igor deixou a bola passar e esta sobrou
livre para Tálysson, que chegou batendo com muita força. Abel não teve nem
tempo para pensar no que fazer. Com muita velocidade e força, a bola atingiu
seu rosto. O goleiro teve tanta raiva que, na mesma hora, pegou a bola com os
pés e saiu driblando todo o time adversário. Ele nem sentia o queimor em seu
rosto. Aquele gol que ele estava prestes a fazer seria para Tálysson. O goleiro
do outro time veio ao seu encontro e Abel fez um belo gol encobrindo o goleiro.
Ele sequer comemorou naquele momento. Na volta para seus campos, os dois,
Tálysson e Abel, passaram lado a lado sem sequer olharem um no rosto do
outro.
O jogo
continuou com a mesma pressão de antes do time de Tálysson sobre o time de
Abel. Só que desta vez o goleiro teria de enfretar a fúria do jogador
adversário, que estava constrangido por ainda não ter feito nenhum gol,
enquanto Abel, mesmo sendo um goleiro, já havia feito um. Continuar sem
sofrer gols seria um grande desafio para Abel. Ele gostou daquele desafio, pois
agora viu que estava em vantagem. O goleiro sabia que naquele momento, Tálysson
sofria com a pressão em sua cabeça e aquilo o atrapalharia no seu bom futebol.
Muitas bolas
vieram rumo ao gol de Abel. O goleiro fazia defesas que faziam a torcida ir à loucura. Ele fez defesas com os pés, de mãos trocadas, de peito e de muitas
outras maneiras. Cada defesa feita por Abel aumentava a ira de Tálysson. Mas o
que realmente atormentaria o rival do goleiro ainda estava por vir.
Nos últimos
instantes da partida, o time inteiro de Tálysson foi para o ataque, incluindo o
goleiro. Tálysson arriscou mais um chute do meio de quadra. O chute veio forte
no meio do gol e Abel não pensou duas vezes. Ele sabia que correria riscos em
fazer aquilo mas...
A bola foi se
aproximando e o goleiro jogou o corpo para frente trazendo as pernas por trás em direção
à bola. Era a famosa defesa do escorpião. A bola veio de encontro perfeito com
os pés de Abel e, como ela havia vindo forte, voltou com toda força na direção
do gol do time de Tálysson. O jogador não acreditava naquilo. Era impossível o
que estava ocorrendo. Em um último esforço, o rival de Abel saiu velozmente em direção ao seu gol, mas a bola já havia entrado. Tálysson demonstrou um
olhar furioso para Abel. Para provocar seu adversário, o goleiro fez um coração
na direção de Mari. A garota corou. Todos na arquibancada aplaudiram e
começaram a gritar. Abel olhava para o público do jogo. Ele sentiu uma grande
alegria por dentro. Novamente Abel olhou para Mari. Foi a última cena que viu
por seis meses...
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