Intrigou-me profundamente uma
pesquisa divulgada pelo IPEA no dia 4 de Abril. Nessa, cerca de um quarto da
população brasileira justificava – total ou parcialmente – o ataque a mulheres
as quais usam roupas que deixam parte do corpo à mostra. Motivado por tamanho
pensamento arcaico e conservador, resolvi publicar este artigo nesta que é uma
das maiores folhas de divulgação de notícias e formação de opinião no Brasil,
baseando-me nas vastas experiências obtidas em debates sociais que participei
ao longo de meu vasto ciclo acadêmico dentro da UnB (Universidade de Brasília).
Pesquisas como essa revelam,
infelizmente, que a sociedade brasileira ainda é tolerante – em um número
considerável – à violência contra a mulher. Justificar o ataque a uma mulher simplesmente
pelo seu modo de vestir é algo inaceitável em um século de pleno
desenvolvimento da ideologia da liberdade de escolha. A expressividade da
porcentagem desse grupo de brasileiros conservadores revela que parte da
população do Brasil permanece desprovida de uma educação que qualifica o
cidadão no aprendizado de formação de opiniões que não sigam um senso comum o
qual é imposto, muitas vezes, pelo fanatismo de alguns segmentos religiosos.
Em decorrência de tal
conservadorismo, até mesmo ideias inovadoras – que buscam conscientizar os
envolvidos nessa problemática e solucionar essa mazela em questão – são vítimas
de ironia e humor. Foi o que aconteceu com uma campanha em que as mulheres
foram convocadas a mostrar seu corpo com a frase “Eu não mereço ser estuprada”.
Segundo a idealizadora do projeto – Nana Queiroz – desde que o mesmo foi
lançado, diversas piadas e ofensas foram dirigidas ao tema em questão, como se
esse fosse digno de tamanha comicidade. Como consequência de tais indiferenças
em relação à seriedade do assunto em pauta, mais uma vez é possível observar a
imaturidade de parte do povo brasileiro e como essa ainda é conivente com a
violência contra a mulher. Como consequência dessa constatação de conivência e
banalização da luta contra a violência sofrida pelo sexo feminino, preocupa-me
que os pequenos avanços já obtidos pelos movimentos feministas sofram
retrocessos significativos.
Diante do exposto percebo com
pesar que a população brasileira – não como um todo – ainda é conivente contra
a violência contra a mulher. Diante disso, torna-se evidente que uma mudança de
postura é necessária por parte desse grupo de quase cinquenta milhões de
brasileiros. Essa mudança poderá ser devidamente efetuada através da educação
de base, em que crianças aprenderão, desde cedo, a não banalizar ou justificar
com pensamentos arcaicos problemas sociais de caráter tão sério. Assim,
mediante um convívio com ideologias que reflitam o que realmente se passa na
era em que vivem, essas crianças de hoje – e adultos de amanhã – poderão
alterar esse quadro de grande vergonha nacional.
~ALU
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