segunda-feira, 14 de julho de 2014

Submergindo no mar da ignorância



   Intrigou-me profundamente uma pesquisa divulgada pelo IPEA no dia 4 de Abril. Nessa, cerca de um quarto da população brasileira justificava – total ou parcialmente – o ataque a mulheres as quais usam roupas que deixam parte do corpo à mostra. Motivado por tamanho pensamento arcaico e conservador, resolvi publicar este artigo nesta que é uma das maiores folhas de divulgação de notícias e formação de opinião no Brasil, baseando-me nas vastas experiências obtidas em debates sociais que participei ao longo de meu vasto ciclo acadêmico dentro da UnB (Universidade de Brasília).
   Pesquisas como essa revelam, infelizmente, que a sociedade brasileira ainda é tolerante – em um número considerável – à violência contra a mulher. Justificar o ataque a uma mulher simplesmente pelo seu modo de vestir é algo inaceitável em um século de pleno desenvolvimento da ideologia da liberdade de escolha. A expressividade da porcentagem desse grupo de brasileiros conservadores revela que parte da população do Brasil permanece desprovida de uma educação que qualifica o cidadão no aprendizado de formação de opiniões que não sigam um senso comum o qual é imposto, muitas vezes, pelo fanatismo de alguns segmentos religiosos.
   Em decorrência de tal conservadorismo, até mesmo ideias inovadoras – que buscam conscientizar os envolvidos nessa problemática e solucionar essa mazela em questão – são vítimas de ironia e humor. Foi o que aconteceu com uma campanha em que as mulheres foram convocadas a mostrar seu corpo com a frase “Eu não mereço ser estuprada”. Segundo a idealizadora do projeto – Nana Queiroz – desde que o mesmo foi lançado, diversas piadas e ofensas foram dirigidas ao tema em questão, como se esse fosse digno de tamanha comicidade. Como consequência de tais indiferenças em relação à seriedade do assunto em pauta, mais uma vez é possível observar a imaturidade de parte do povo brasileiro e como essa ainda é conivente com a violência contra a mulher. Como consequência dessa constatação de conivência e banalização da luta contra a violência sofrida pelo sexo feminino, preocupa-me que os pequenos avanços já obtidos pelos movimentos feministas sofram retrocessos significativos.
   Diante do exposto percebo com pesar que a população brasileira – não como um todo – ainda é conivente contra a violência contra a mulher. Diante disso, torna-se evidente que uma mudança de postura é necessária por parte desse grupo de quase cinquenta milhões de brasileiros. Essa mudança poderá ser devidamente efetuada através da educação de base, em que crianças aprenderão, desde cedo, a não banalizar ou justificar com pensamentos arcaicos problemas sociais de caráter tão sério. Assim, mediante um convívio com ideologias que reflitam o que realmente se passa na era em que vivem, essas crianças de hoje – e adultos de amanhã – poderão alterar esse quadro de grande vergonha nacional.

~ALU 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aceitamos críticas, mas por favor, não use palavrões. Comentários com palavrões não serão publicados.