A História está sempre
sujeita a alterações. Opiniões também. Como um “verdadeiro” cidadão brasileiro
odeio – acima de tudo – a corrupção. Enoja-me o fato de que milhões de reais
sejam depositados nos bolsos daqueles que deveriam utilizá-los em benefício da
sociedade, enquanto milhares estão a morrer pelos precários serviços de saúde
pública. Esse pensamento fez com que eu, por muito tempo, “eufemizasse” as
ações maléficas atribuídas à Ditadura Militar brasileira.
Apaixonado pela História
Brasileira, especialmente no período compreendido entre 1964 e 1985, conduzi
diversos estudos pessoais e coletivos (em que meus alunos deveriam pesquisar)
com o objetivo de colocar em uma balança os prós e os contras promovidos pelas
Forças Armadas brasileiras no período em que estiveram no poder. Como
resultado, encontrei dezenas de documentos que diziam respeito às várias torturas
e assassinatos desempenhados por setores governamentais de ordem social (como o
DOPS). Porém, ao comparar os números obtidos com os de outros países
latino-americanos, como Cuba e Argentina (cujas populações são muito inferiores
a do Brasil e o número de atrocidades foi muito superior), pude notar que a
Ditadura brasileira não foi, de fato, tão ditatorial assim. Além disso, com a
falta de documentos que remetessem à prática da corrupção por parte dos
militares, eu me enquadrava no grupo de quase 70% da população brasileira que
acredita que na época ditatorial havia menos corrupção que no cenário político
atual. Parecia mesmo que o Golpe de 1964 não era uma lembrança tão amarga
assim.
Porém, sendo um historiador e
sabendo os efeitos de novas descobertas na construção da História, tive o
prazer de rever minhas teorias após a divulgação de diversos documentos que
comprometem os argumentos daqueles que ainda defendem veementemente a Ditadura
Militar e o seu regresso. Esses arquivos mostram que bilhões de dólares foram
injetados na “economia brasileira” para que os movimentos de caráter comunista
fossem reprimidos. Além disso, dossiês de casos como o Projeto Jari,
Transamazônica e Paulipetro revelam a grande mácula corruptiva dentro do regime
militar. Acrescenta-se, ainda, a essas graves atrocidades éticas e morais, a
descoberta de locais de tortura e cemitérios clandestinos, que agravam ainda
mais as atrocidades humanas e sociais promovidas pelos militares.
Ciente da necessidade de
mudança de postura perante uma causa que deixou marcas tão profundas na
História Brasileira, é com humildade e orgulho que reconheço neste “jornalzinho
escolar” (que, apesar de parecer ser algo simplório pela pequena circulação,
não deixa de ser significativo em termos de formação de opinião), que o Golpe
Militar de 1964 é, sim, uma amarga lembrança em nossa história. Além disso,
percebo que é de caráter fundamental o estudo do período militar – para que ele
não torne a ocorrer – antes que seja tarde demais para o evitar.
~ALU
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