quinta-feira, 26 de junho de 2014

Nunca é tarde para mudar



   A História está sempre sujeita a alterações. Opiniões também. Como um “verdadeiro” cidadão brasileiro odeio – acima de tudo – a corrupção. Enoja-me o fato de que milhões de reais sejam depositados nos bolsos daqueles que deveriam utilizá-los em benefício da sociedade, enquanto milhares estão a morrer pelos precários serviços de saúde pública. Esse pensamento fez com que eu, por muito tempo, “eufemizasse” as ações maléficas atribuídas à Ditadura Militar brasileira.
   Apaixonado pela História Brasileira, especialmente no período compreendido entre 1964 e 1985, conduzi diversos estudos pessoais e coletivos (em que meus alunos deveriam pesquisar) com o objetivo de colocar em uma balança os prós e os contras promovidos pelas Forças Armadas brasileiras no período em que estiveram no poder. Como resultado, encontrei dezenas de documentos que diziam respeito às várias torturas e assassinatos desempenhados por setores governamentais de ordem social (como o DOPS). Porém, ao comparar os números obtidos com os de outros países latino-americanos, como Cuba e Argentina (cujas populações são muito inferiores a do Brasil e o número de atrocidades foi muito superior), pude notar que a Ditadura brasileira não foi, de fato, tão ditatorial assim. Além disso, com a falta de documentos que remetessem à prática da corrupção por parte dos militares, eu me enquadrava no grupo de quase 70% da população brasileira que acredita que na época ditatorial havia menos corrupção que no cenário político atual. Parecia mesmo que o Golpe de 1964 não era uma lembrança tão amarga assim.
   Porém, sendo um historiador e sabendo os efeitos de novas descobertas na construção da História, tive o prazer de rever minhas teorias após a divulgação de diversos documentos que comprometem os argumentos daqueles que ainda defendem veementemente a Ditadura Militar e o seu regresso. Esses arquivos mostram que bilhões de dólares foram injetados na “economia brasileira” para que os movimentos de caráter comunista fossem reprimidos. Além disso, dossiês de casos como o Projeto Jari, Transamazônica e Paulipetro revelam a grande mácula corruptiva dentro do regime militar. Acrescenta-se, ainda, a essas graves atrocidades éticas e morais, a descoberta de locais de tortura e cemitérios clandestinos, que agravam ainda mais as atrocidades humanas e sociais promovidas pelos militares.
   Ciente da necessidade de mudança de postura perante uma causa que deixou marcas tão profundas na História Brasileira, é com humildade e orgulho que reconheço neste “jornalzinho escolar” (que, apesar de parecer ser algo simplório pela pequena circulação, não deixa de ser significativo em termos de formação de opinião), que o Golpe Militar de 1964 é, sim, uma amarga lembrança em nossa história. Além disso, percebo que é de caráter fundamental o estudo do período militar – para que ele não torne a ocorrer – antes que seja tarde demais para o evitar.


~ALU

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