Ceres, 22/09/2012
Prezado Sr. Hélio Penna Costa,
Venho por meio desta carta expressar ideias contrárias ao seu pensamento em relação ao transcorrer do processo de penalização da música "Veja os cabelos dela", pensamento que foi publicado pelo senhor em um artigo do jornal "O Globo".
Inicialmente, gostaria de contestá-lo em relação à primeira frase do seu depoimento. Não é concebível tal afirmação: " [...] fazer surgir no Brasil um problema que nunca tivemos: o da discriminação racial." Com todo o devido respeito, gostaria de informá-lo, se não for do seu conhecimento, que o crime da discriminação racial existiu e já foi bem elevado em nosso país. Esse número sofreu uma grande queda graças à Lei n° 7437 (de 20 de Dezembro de 1985), que passou a punir "severamente" pessoas com atitudes racistas. Além disso, se a discriminação de caráter racista nunca existiu aqui no Brasil, o que dizer de diversos casos graves e recentes de racismo ocorridos nos esportes, especialmente no futebol?
São opiniões de influência como a sua (e da letra da música em discussão) que provocam o aumento de apologias ao racismo, principalmente entre o público infanto-juvenil.
Tenho também outra opinião contrária a uma fala sua que diz respeito a uma música da década de 1930 que fazia apologia ao racismo e, nem por isso, ofenderam "nossos irmãos negros". Isso ocorreu e ocorre até hoje, porque os negros, desde o início da escravidão, viram-se obrigados a se rebaixar ao domínio dos brancos. Com tal concepção e pouco estudo, as pessoas de pelo negra nunca se sentiram ofendidas pelas letras de músicas "cômicas", mas ao mesmo tempo "racistas".
Não conheço o seu gentílico, mas creio que se o senhor fosse gaúcho, não gostaria de ser chamado de "viado". Se fosse baiano, apelaria se alguém lhe chamasse de "preguiçoso".
Pelos motivos citados por minha pessoa nos parágrafos anteriores, creio que o senhor deveria rever seus pensamentos a respeito dessa temática tão importante em nosso "multiculturado" Brasil.