Por Gabriel Rodoval;
Abel abriu os olhos vagarosamente e olhou ao seu redor apenas virando os olhos. O garoto sentiu dor ao tentar girar a cabeça. Várias tentativas foram frustradas mediante a dor que lhe sobrevinha. Com a cabeça direcionada para o teto ficava um pouco difícil para Abel localizar-se. Ele tentou inclinar um pouco a cabeça e viu que, no eixo esquerdo do quarto onde estava, havia uma televisão.
O garoto sentia-se frustrado. Ele não podia observar sequer seu corpo. Tentou movimentar as pernas mas, novamente, as tentativas foram em vão. Abel começou a preocupar-se quando começou juntar as partes: cama, televisão, dor e incapacidade de movimentar-se. Ele notou que só poderia estar em um hospital.
O garoto sentiu uma lágrima descendo em seu rosto. Abel tentou lembrar o que o faria estar ali. Branco! Ele não conseguia lembrar de nada. Enquanto tentava reencontrar-se com fatos passados, Abel ouviu uma porta sendo aberta. Ele ouviu três pessoas conversando. O garoto percebeu que eles não haviam visto que o acamado havia acordado e então saudou-lhes. As três pessoas vieram ao seu encontro. Três rostos estranhos foi o que o enfermo pode ver. Uma das pessoas, que estava toda vestida de branco, chamou as outras duas para uma conversa do lado de fora.
Abel ficou pensativo lá dentro tentando lembrar quem eram aquelas três pessoas. Enquanto isso lá fora...
A conversa estava muito animadora. A médica contava à mãe de Abel que o fato de o garoto ter acordado já era sinal de um grande avanço. Cristina, a médica, explicou que provavelmente o garoto não iria lembrar de nada por alguns dias, mas em breve recuperaria a memória. A médica também explicou que talvez o garoto poderia receber alta em um mês e então, deveriam levá-lo a um fisioterapeuta para iniciar o trabalho de recuperação dos movimentos.
A médica despediu-se das duas e foi atender um chamado em outro quarto.
Márcia, mãe de Abel, chamou sua acompanhante para entrarem novamente no quarto.
Abel estava ansioso por respostas. Muitas dúvidas pairavam em sua mente. Agora era o momento de amenizar suas indagações.
Sua primeira dúvida era saber quem eram aquelas duas mulheres. ''Quem é você'' - perguntou à mais velha. ''Márcia'' - respondeu alegremente a mulher - ''sou sua mãe''. Abel abriu um sorriso e a mãe do garoto foi em seu encontro dando-lhe um abraço bem forte. O garoto não sentiu nada, mas demonstrou como se tivesse gostado. Em seguida, olhou para a acompanhante de sua mãe. Ao penetrar o olhar nela, sentiu um frio subindo em sua barriga e após isso, começou a sentir seu corpo pouco a pouco novamente.