Por Gabriel Rodoval;
Acordei cedo. O dia era longo e provavelmente cansativo. Haveria uma operação surpresa na favela em que eu comandava o tráfico de drogas. Um dos tiras do BOPE havia me alertado no dia anterior sobre o que ocorreria. Nada que meio milhão de reais não resolvesse. Fiz o alerta para todos os "manos" do Comando Negro entrarem em seus postos, pois a ocupação estava para ocorrer. Fui para minha sala de armas e contemplei as "brutas". Opcionei pelo fuzil. Recebi pelo rádio transmissor o alerta de um dos sentinelas, que dizia que a operação havia começado. Corri para meu posto e dei o primeiro tiro. Era o sinal que os outros esperavam...
Os filhos da puta dos tiras se posicionaram e começaram a revidar. Percebi que uma grande massa de jornalistas cobria a operação com grande correria, buscando os melhores ângulos. Aqueles abutres não se posicionavam bem e atrapalhavam-nos a acertar os tiras. De repente, notei que um desgraçado de um reportér focava a câmera em minha direção. Sem pestanejar dei-lhe um tiro no peito. O tiro foi certeiro e o matou na hora, apesar de ele estar com um colete à prova de balas. Um dos tiras reconheceu de onde partira o tiro e anunciou aos seus parceiros. Merda! A coisa agora ficara preta para o meu lado e se eu não desse um jeito de fugir, os filhos da puta me pegariam, ou pior, me matariam. Alertei aos manos para que me dessem apoio em minha fuga e eles, "parceiros" como eram, se negaram.
Agora tudo era por mim mesmo. Corri para um dos vários pontos de fuga. Entrei em um túnel de esgoto mas, mal comecei a engatinhar, uma bomba atingiu o túnel me deixando à mostra. Devia ser o desgraçado do "Kem". O filho de uma "kenga" almejava o meu posto há algum tempo e sabia por onde eu fugiria.
Após as nuvens de fumaça dissiparem, notei que estava no meio de um grupo de policiais feridos. Ainda "grilado" pela ação de meus "parças", ajudei cada um dos policiais a se refugiarem em um dos meus vários abrigos, pois se eles continuassem ali, seriam mortos. Depois que eles recuperaram as forças, ajudei-os a sair da favela com segurança. Eles nem sabiam quem eu era, mas me agradeceram muito.
Quando eles saíram dei início à uma nova rotina. Tinha uma "missão de bem" a cumprir. Kem e o Comando Negro me esperavam em algum lugar. Era o início do Comando Branco.