quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em busca do "Hospitium"

Por Gabriel Rodoval;



   "Corraaaa Plutinhooo" - era a única fala que conseguia dizer naquele momento. Após pensar um pouco disse ao cachorrinho para ir à árvore do bosque. O vira-lata com suas perninhas ágeis já disparava em minha frente na direção do bosque enquanto eu, com as pernas já meio abambalhadas, tinha certa dificuldade em correr. Passados cerca de 13 minutos correndo, chegamos à árvore no bosque. Esta por sua vez, não era comum como as outras plantas. Tinha um grande buraco na frente (como se fosse uma porta) e o seu interior era bem amplo. Certa vez havia visto em um livro da escola, que este tipo de planta se chamava Hospitium. O nome era estranho, mas eu nunca o esquecera.
   Entrei na árvore e pesquisei o local. Estava aparentemente seguro. Pedi Plutinho para entrar enquanto eu buscava um tronco para fechar a entrada de nosso refúgio. O cachorrinho me obedeceu e em menos de três minutos eu já estava de volta com o pedaço de pau que nos iria servir de porta. Entramos e eu fechei parcialmente a entrada do nosso esconderijo.
   Sentei ao lado de Plutinho e comecei a descansar, afinal, havia corrido bastante pela vida.
   "Acordei com gritos. Era mamãe que perguntava para meu pai o que havia ocorrido. O velho, ainda espantado pelo acontecido, tentava acalmar minha mãe. Fiquei atrás da porta ouvindo a conversa. Papai dizia que tomava café da manhã com Araíba (meu irmão mais velho), quando ouviu um barulho alto. Olhou pela janela e viu uma luz muito forte, apesar de ainda serem três da manhã. Mamãe perguntou o que seria tal estropício e meu pai respondeu que, pela localização, era proveniente da fazenda do senhor Antunes. Em busca de ouvir melhor a conversa, me desloquei para a cozinha e meu pai, ao me ver, me disse -'Apuana, vá dormir para não acordar tarde e chegar atrasado na escola' - e em seguida disse a minha mãe que iria junto com Araíba à fazenda de Antunes. Mais tarde, enquanto ia para a escola, chamei Plutinho para me acompanhar para outro local. Ele prontamente me seguiu e partimos rumo à fazenda do velho Antunes. Ao chegar lá, vimos alguns carros e pessoas e espiamos o ocorrido. Pude observar uma enorme cratera. Em seguida, vi uma espécie de enxame de sombras que saía do grande buraco. De repente, vi um desses enxames atacar uma pessoa e esta começou a se transformar em uma raça de zumbi com os olhos vermelhos. Ela pegou uma arma e começou a atirar para todos os lados. O enxame ia pegando cada vez mais pessoas. Repentinamente, vi meu pai com os olhos vermelhos correndo em minha direção."
   Fiquei cerca de três horas meditando nos fatos que haviam ocorrido. Após algumas conclusões em meu íntimo de que tudo estava em segurança, resolvi sair da árvore e voltar para casa. Depois de eu e o vira-lata termos andado cerca de sete minutos, este pressentiu algo e correu para certo lugar no bosque. Ouvi um gemido forte e comecei a correr. Olhei para trás e vi Plutinho, totalmente transfigurado, correndo em minha direção com os olhos vermelhos e com o triplo do tamanho. Parecia que ele queria me devorar.
   Comecei outra corrida pela vida, desta vez sob a perseguição de um velho amigo. Em meu coração eu pensava "corraaaaa Apuanaaa", mas desta vez eu não tinha tanto medo, pois já sabia para onde iria. Sem hesitar corri para a minha possível salvação: "Hospitium".